segunda-feira, 29 de agosto de 2011


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O VALOR DA CRIAÇÃO TAMBÉM PASSA PELO EMAIL

Posentão, na vida ordinária das agências, as apresentações de peças isoladas e as pequenas campanhas do dia a dia são sempre conduzidas pelo Atendimento da Conta. Acontece que a percepção geral nas agências é que a Criação é uma coisa tão fundamental que jamais deveria ser deixada na mão de um leigo, de um estagiário, de um assistente ou um generalista sem especialização, como é o caso de um Atendimento.
Mas – por absurdo que pareça – não apenas os publicitários da área de criação não gostam de sair dos seus casulos para fazer apresentações, como a prática cotidiana desenvolveu um procedimento ainda mais danoso à criatividade: hoje, campanhas são “apresentadas” por e-mail.
Mande um JPG ou um PDF para o cliente aprovar. Feito! Rápido, moderno e tecnológico. Quanto a isso nem se discute, mas depois as agências não sabem por que a cada dia seu trabalho é cada vez menos valorizado. Não sabem porque os clientes discutem tanto o valor pago às suas agências. Não entendem por que eles acham que a agência sempre ganha muito. Talvez isso – que é uma decorrência inevitável dos tempos modernos – mas é o que pode explicar por que tantos clientes insistem tanto em cortar mais o percentual de honorários das agências ou querem remunerar-nos em “pacotes”, por FEE ou valor fixo “independente do número de peças”. Isso está acontecendo porque o modus operandi das agências só valoriza, de fato, a criação nos salários (Podemos até dizer que, na média, os criativos talentosos são muito bem pagos ou então acabam como sócios), mas, em tudo o mais, a criação está se banalizando, se vulgarizando. 
Há uma penca de estagiários, assistentes, diretores juniores, estudantes trabalhando nas agências. Você chuta uma lata de lixo saem 10 estagiários. É verdade que o ritmo dos negócios de hoje não admite mais as primadonas da publicidade tendo ataques histéricos só porque um cliente mexeu no seu layout. Hoje todo mundo mete a mão no photoshop e faz a peça ao seu gosto. A indústria da propaganda não admite mais aquelas excentricidades de antigamente, em nome da manutenção da criatividade. Os criativos deixaram de ser as grandes estrelas das agências. Hoje são os criativos-donos. Uma nova espécie de criativo. Uma sub-espécie mais maleável e diplomática. Sabe negociar e condescender. 

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