“VIRAR UM NET” É DE VIRAR O ESTÔMAGO.
Provavelmente uma das maiores asneiras jamais paridas pela publicidade brasileira - e arriscaria dizer mundial – esta campanha “O dia em que eu virei um Net” conseguiu se superar. A poucos minutos atrás, ao assistir um comercial em que uma garota também canta “eu virei uma NET”, tive angulhos. É estranho, é cacofônico, é risível no mal sentido.
A campanha não consegue ser engraçada, não é inteligente, não faz pensar, não é sonora, não é agradável, não tem um belo layout, não gera empatia. E – verdade se diga – consegue emocionar, afinal, a gente assiste e tem vontade de chorar. É realmente memorável, inesquecível. Infelizmente.
Imagino que essa campanha tenha sido aprovada fruto de um consenso, onde um grupo de executivos, de diretores de conta, de artistas plásticos, de pessoas de atendimento, homens de vendas, de gente da ouvidoria, faxineira, telefonista, ascensoristas e dentistas - todos - deram suas opiniões de igual pra igual e o camelo pariu um verme. Pior do que um “camelo” (que é como chamamos aquelas campanhas ou peças que sofrem acréscimos, mudanças, adendos, splashs, asteriscos, intervenção de advogados e que ficam completamente descaracterizadas em seu “frescor” criativo) é nos depararmos com uma campanha tão ridícula. Me caíram os butiás do bolso ao saber quem a havia criado. Na minha opinião, esta campanha feriu de morte a criação da legendária agência Talent. Talvez em sua defesa alguém diga: foi legítima defesa, estávamos defendendo o "leitinho das crianças”. Mas convenhamos, ainda me admiro com o que as pessoas são capazes de fazer por dinheiro...
Eu sempre coloquei esta agência no patamar mais alto da minha idolatria. Sempre se localizou no Olimpo da minhas endeusadas, acima das festejadas da hora, acima da DM9, da Almap, da Wieden & Kennedy, da F/Nasca, da Young, da...das outras boas. A Talent para mim - durante anos, décadas – alcançava fácil, fácil uma invejável nota 12 em minha escala de deslumbramento. Mas esta campanha achincalha a memória de quem criou “nossos japoneses são mais criativos que os japoneses dos outros”, “apaixonados por carro como todo brasileiro” (que aliás também caiu bastante em qualidade) e também o inesquecível bordão “não é assim uma Brastemp”. No caso, o bordão se encaixa como filme na grade da NET.
“O dia em que me tornei um NET” marca a volta da Propaganda Catástrofe. Em minha opinião, o novo filme com a garota escreveu mais um capítulo da minha teoria da Pioração do Impiorável. A campanha toma dimensões épicas também pelo impacto da mídia: há comerciais em todos os calhaus de programação. É um martírio insuportável. Há uma superexposição do fracasso criativo de uma grande agência. Imagino que os criadores se sentem como a ex-namorada que encontra suas cenas tórridas bombando no youtube. Tenho certeza que muitos dos profissionais da agência devem estar mudando para SKY para não sofrerem, em autoflagelo, diante de monitores HDMI de alta qualidade vendo seus comerciais se sucederem como cenas de horror. Para não verem a execração pública. A história da agência foi enxovalhada.
3 Comentários:
Hehehehehehehehehehehe!! Não podia ter encontrado melhor descrição a respeito dessa propaganda da NET!! Ela é tão inspurtável que qndo começa eu troco de canal. Fiz a paródia "o dia em que eu matei um NET". Além de ser chata e irritante, o cara não acerta quase um acorde no tempo certo.
Tu tem que ver a versão feminina. "no diaaaaa-aaaa em que eu virei uma net" que soa como "no diaaaa-aaa em que eu virei um MANÉ"
Valeu pelo comentário.
Abraço.
Adorei os comentários!!! rs rs
É um martírio mesmo!
Legal foi essa aqui:
http://www.youtube.com/watch?v=xMJQvRwx1KY
Sátira muito bem bolada desse comercial da NET, tentando ainda salvar o martírio que é ouvir essa música o tempo todo na TV.
Pelo menos na sátira, a coisa faz mais sentido.
bjs
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